sábado, julho 15, 2006

Praia

Já nem sei há quanto tempo não ia aquela praia.. tinha 15? 16? 17 anos? Não sei ao certo, mas devia andar por ai… sei que era no tempo em que demorávamos horas a chegar porque íamos de transportes, isto quando lá conseguíamos convencer os nossos pais a deixarem-nos ir com amigos, o que devo confessar que no meu caso era muuuiiito difícil, mas de vez em quando lá ia e era uma festa!! O autocarro até Belém, o barco até à Trafaria e depois aquilo tudo a pé, meu Deus, como conseguíamos? Para lá ainda se fazia bem, mas o regresso..... não faço ideia de quantos klm são, mas ainda devem ser alguns! Mas aquilo para nós era uma aventura, todos ao molho a fazer aquele caminho todo…. até que finalmente chegávamos á areia, estendíamos toalhas e toca de pôr óleo Jonhson no corpo todo, que naquele tempo ainda não se falava muito nos raios ultravioleta e cancros de pele, claro que os escaldões eram inevitáveis, mas também fazia parte! Quanto mais lagostas melhor! Depois era procurar pelos nossos apaixonados…

“olha Cris, tá ali o Nuno! Não olhes pá! Ahhh, tão lá todos, vêm agora da água”

Que saudades destas parvoíces, da simplicidade destas coisas…. melhor só as matinés do Crazy nights!!!

Era no tempo em que íamos pelo caminho cantarolando…

Dunas, são como divas
Biombos indiscretos de alcatrão sujo
Rasgados por bocados de hortelã
Deitados nas Dunas, alheios a tudo
Olhos penetrantes
Pensamentos lavados

E era no tempo em torrávamos nas dunas, e dávamos os primeiros beijos…. Sim, quando eu tinha 15, 16 estas coisas eram muito mais inocentes do que hoje em dia… parece conversa de velha mas a verdade é que acho que antigamente nos divertíamos mais e precisávamos de tão pouco….

Lambemos os lábios, refrescos, gelados
Selamos segredos
Saltamos rochedos
Em câmara lenta como na TV
Palavras a mais na idade dos "PORQUÊ”

Que será feito destes meus amigos que me trazem tão boas recordações?

A praia? Está maravilhosa! Passei lá um belo dia, mas está diferente, o bar tem pufs, camas, uma barraquinha de massagens e não tem grande confusão, deve ser por isso que estavam lá tantos VIP’s e tantas grávidas, já não se encontram por lá os grupos de jovens de outros tempos, está calma…. Mas foi bom recordar e foi bem encontrar a Patrícia, na verdade o meu gajo é que a reconheceu porque a mim passava-me ao lado. A Patrícia era a boazona da escola e também da praia, era a boazona que o meu marido (quando ainda não namorávamos, entenda-se) e o mundo andavam atrás, eu não podia com ela, claro está! Ainda por cima era daquelas mesmo cínicas! Por isto deu-me um gostinho especial encontra-la com, pr’aí… 1oo kg ihihihihihihihihi!

Olhei para o lado e vi o olhar incrédulo do gajo e só me ocorreu dizer:

“vês, os olhos dela continuam lindos!!”

Dunas como nunca são divas
Quem nos visse deitados de cabelos molhados bastante enrolados
Sacos cama salgados
Nas Dunas, roendo maçãs
A ver garrafas de oleo, boiando vazias as ondas da manhã…

6 comentários:

  1. Não sei se reparáste, mas este é provávelmente o melhor texto publicado até agora....

    :-D

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  2. Continuo sem saber qual é a praia.
    E não era em Belém que se apanhava os barcos para a Trafaria ?!

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  3. praia de S. João pá, claro que nesse tempo tu ainda andavas a limpar o ranho do nariz por isso é natural que não tivesses identificado a praia ihihihihihihihih

    Belém? és capaz de ter razão... acho que era isso sim....

    Zuco, eu cá acho que ainda não saiu nada de jeito neste blog... enfim...

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  4. Gosto:
    - Da forma como evocas o passado e o misturas com o presente

    - Da "banda sonora" ao longo do texto.

    - Da história implicita do Patinho Feio. ( Tu não eras uma "Patricia" mas agora és...)

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  5. Era uma verdadeira Odisseia chegar lá, realmente. Eu lembro-me que apanhava o 17 B até Entrecampos e depois o 32 até Belem... Às vezes ia até à Praça da Figueira de Metro e apanhava o 14 ou o electrico 15... o importante era chegar! Mas eram sempre 2h minimo pelo menos... Bons tempos, boas lembranças!...

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