quinta-feira, julho 22, 2010

A minha família não existe - O meu Pai

O meu pai é aquela pessoa que chega ao balcão e diz: "São dois cafés, um é normal" e enquanto a pessoa do outro lado pensa o que será o "anormal" ele vai até a porta porque não consegue estar parado e deixa-me ali a fazer aquele sorriso amarelo e a dizer ao senhor que o outro café é cheio. Faz coisas deste tipo montes de vezes e não é nada forçado, aquilo é tudo natural e é com cada uma que a maior parte das vezes tenho que me rir, fazer o quê?

Agora deu em guardar tudo em casa e eu ontem é que percebi o tamanho do problema! Já tinha percebido que havia lá tralha a mais e fui espreitar o que podia fazer para ajudar a "limpar" o problema, não fazem ideia da quantidade de coisas e coisinhas que eu encontrei, nem sabia por onde começar! Agarrei no primeiro saco e toca a pôr tudo o que encontrava para o lixo enquanto ele desorientado à minha volta (ou melhor dizendo à volta do saco) dizia "isso tá novo!", sim tá novo mas para que quer ele mais três televisões se tem uma em cada divisão quase? E aquelas colunas todas das 5 ou 6 aparelhagens??? A cada pergunta que eu lhe fazia ele respondia "alguém pode querer" e eu perguntava se tinha alguém para dar assim tipo JÁ, não? LIXO!!!! Encontrei montes de coisas ainda embaladas, prateleiras, candeeiros, loiça, enfim tudo o que possam imaginar, também encontrei roupa e sapatos mas esta parte preservei, acho que porque por momentos tive medo de que isto seja genético e achei melhor não tocar nesse ponto....
Mas voltando ao que interessa, enquanto morei lá em casa não me lembro de ele ser assim mas com os anos estou a ver que lhe deu para aquilo, isto é uma doença e eu precisava mesmo do Dr. Phill na casa do meu Pai!!!

7 comentários:

  1. Se vocês dessem essas coisas que não precisam a alguma instituição de caridade ou algo de género, será que o teu pai não ficava a se sentir melhor? Assim sempre ajudava alguém. É só uma ideia =).
    Eu às vezes também tenho esse problema de não conseguir me livrar de coisas que tenho quase a certeza que nunca mais vou querer, mas há sempre aquele medo que possamos voltar a precisar (por isso percebo o teu pai).

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  2. Por momentos, parecia que estavas a falar do meu pai! Cada vez que lá vou a casa (aí umas 3 vezes por semana) também ando de saquinho na mão. E ele também não era assim, acho mesmo que isto vem com a idade:-)

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  3. Gelatina, tens razão e as coisas novas é claro que arranjo alguém que as queira, o problema são aquelas coisa que algumas apesar de novas também, ninguém quer e então o meu pai vai guardando, guardando e eu já fui um bocado assim com a roupa mas agora faço um esforço e quando não uso agarro nas coisas e dou.

    Ana, deve ter mesmo a ver com a idade e também com a necessidade de se ocupar ou assim porque com o meu pai piorou desde que se reformou.

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  4. Passei pelo mesmo com o meu pai... e da pior maneira, porque ele fazia a separação do lixo, embalagens... e depois guardava-as!
    Para pôr certas coisas no lixo, tinha que o fazer às escondidas dele, porque mesmo que eu enfiasse num saco de lixo ele simplesmente ia buscar e dizia que aquilo ainda podia vir a ter serventia...

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  5. Niki,
    eu nunca tinha lido este post e programei para amanhã com a minha mãe, aproveitando que o meu pai não vai estar, ir fazer coisa parecida. Eu confesso, estava com peso de consciência, mas depois de ter ler, uff, que alívio (e que gozo meu vai dar)

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  6. Querida Niki, ainda não tinha lido este post... sabes, fico com um bocadinho de receio, de me tornar idêntica! :P

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