"Diário, hoje tive OE e nessa hora a Beta e a Susana foram ao Lumiar pôr as fotos a revelar.
Quando saímos voltámos para ir buscá-las mas estavam todas estragadas"
05/06/1990 - Terça feira, dia de sol
Do meu diário pessoal
É talvez um lugar-comum olhar para os miúdos de hoje e pensar que no "nosso tempo" as coisas tinham outro sabor e outro valor, mas é inevitável pensar no hoje sem o comparar com o ontem quando todos têm telemóveis, quando falam a a cada minuto através das redes sociais e quando há sempre à mão uma câmara fotográfica pronta a registar o momento, por mais banal que seja, tornando por isso todos os instantes, e vou-me repetir mas é isso, tão banais!
"No meu tempo" não haviam telemóveis e o significado do termo "esperar aquele telefonema" era mesmo ficar em casa uma tarde inteira (com sorte) a espera que o telefone tocasse. As poucas pessoas que tinham a sorte de ter uma máquina fotográfica de vez em quando lá a levavam para a escola e assim se registaram momentos tão importantes e de tanto valor para pessoas "do meu tempo", mesmo que as poucas fotos mostrem cabeças cortadas, caras desfocadas e popas de dois metros são verdadeiros tesouros que nos transportam e fazem sorrir ao pensar no tempo que se esperava desde o dia em que tirávamos uma foto até ao que a tínhamos ali à nossa frente. Custava dinheiro revelá-las e dinheiro era coisa que não recebíamos de bandeja!
As pessoas hoje podem ter tudo mas tenho para mim que nunca saberão dar o verdadeiro valor à amizade, às recordações, às vivências porque há tanta gente e tanta coisa a rodear-nos e a uma distância e velocidade tão grandes que nem se sente e nem se dá tempo às relações!
Chateou? Apaga e faz outro amigo!
Acabou? Segue que em frente é o caminho!
E eu pergunto-me se daqui a uns anos se lembrarão de quem foi o Pedro, a Ana ou a Micaela que em determinada altura conheceram, assim como as pessoas "do meu tempo" sabem, passados vinte e tal anos quem foram todos com quem se cruzaram no largo, nas salas de aulas ou na paragem do autocarro, mesmo que nas fotos alguns tenham as cabeças cortadas!
Isto para mim tem um sabor muito doce, posso não ter muitos por perto mas a vivência, as recordações e a felicidade de poder recordar-me de momentos e viajar até ao meu passado sempre que me apetece ninguém me tira!
como eu te entendo!!!! e o tempo nao volta atraz (
ResponderEliminarMudam-se os tempos... mudam-se as vontades!... :)
ResponderEliminarhoje andamos tao romanticas :)
ResponderEliminarMesmo!
ResponderEliminarConcordo e penso o mesmo, aliás estou constantemente a contar essas "aventuras" ao meu filho(18 anos)para ele conhecer a mãe e o pai na idade dele.
Beijinhos
Não sou assim muito velha ...e lembro-me de muitas coisas aqui descritas ;) e muito verdade eu ainda guardo amigos do meu tempo de escola ... bjs
ResponderEliminarEstou a chegar aos 30 e não tenho nada aquela ideia de estar a ficar "cota" mas o facto é que existiu aqui um boom a partir dos anos 90 em termos de tecnologia que veio alterar totalmente a sociedade.
ResponderEliminarSe isto me faz alguma confusão, imagino aos meus avós!!