O que é que bebeste hoje? (parte II)

Em cada lugar da nossa vida, há sempre dois caminhos que podemos escolher. Soa a frase feita e filosofia barata, mas é verdade.

Há um caminho que sabemos de cor. Que fazemos todos os dias quase de olhos fechados. Um caminho onde antecipamos pedras que nos podem provocar a queda, sons que já não nos conseguem assustar, cheiros familiares que nos podem fazer sorrir uns dias e provocar enjoo noutros. Um caminho seguro mas sem surpresas, sem desafios, sem nada que nos obrigue a reinventar. Um caminho nunca cruzado nos nossos maiores sonhos e delírios, ainda assim, um caminho que seguimos diariamente. Um caminho quase imposto.

Há um outro caminho que não sabemos se nos fará chegar onde queremos. Que nos parece sempre muito difícil de percorrer. Que nos provoca insónias de tão assustador, mas que ao mesmo tempo nos deixa com borboletas na barriga porque sentimos uma espécie de magia que nos atrai. Que nos faz comichão nas mãos. Que nos provoca a vontade de ir ver onde termina. De arriscar. De despertar e descobrir que se calhar não temos de nos conformar, porque somos e podemos realizar, muito mais do que aquilo que nos fazem crer.

Podemos seguir um caminho durante anos/ meses/ dias / horas/ minutos e até estarmos confortáveis com isso, mas às vezes num segundo, passamos a sentir que escolhemos o caminho oposto àquele que era o nosso e a partir desse momento, ou saltamos (sozinhos ou empurrados, não importa) e mudamos o rumo, ou passamos a viver numa nuvem muito cinzenta.