Amor igual

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Enquanto estava grávida, dava por mim imensas vezes a pensar como me iria sentir com duas filhas. Tinha medo de não conseguir gostar tanto da última como da primeira, porque é um amor tão grande e único que me deixava a pensar se seria possível amar assim as duas. Chegava a sentir-me culpada por pensar desta forma e só tinha certeza de uma coisa, fosse o sentimento igual ou não, nunca na minha vida mostraria diferença e nunca deixaria uma ou outra sentir-se a preterida!

Sou filha única e por isso nem posso falar por experiência própria, mas a verdade é que sempre achei que os pais têm um filho preferido e já vi algumas pessoas próximas sofrerem bastante por sentirem que não são tratadas da mesma maneira. Por tudo isto, a hipótese de eu poder levar as minhas filhas a sofrer, tirava-me o sono.

Agora que tenho as duas, todo o meu desespero me parece um perfeito disparate, o amor que tinha por uma é exactamente o mesmo amor incondicional que passei a sentir pela outra assim que ela veio ao mundo e se não consigo entender os pais que gostam menos ou mais de um filho (que também os há), já vou conseguindo perceber algumas diferenças, aquelas que nos são impostas pela vida.

Os tempos mudam e eu hoje sei que os 7 anos que separam as minhas filhas obrigam-me a não dar à segunda o mesmo que dei à primeira.

A primeira usou roupas mais caras que a segunda, teve brinquedos mais didácticos, trazia um livro para casa a cada visita à livraria, teve aulas de ballet e natação, foi à Disney, teve a oportunidade de ir a vários espectáculos de música para bebés e peças de teatro enquanto a segunda ainda nem se estreou no cinema.

A verdade é que tirando a parte mais cultural que tenho muita pena de não poder incluir na educação das duas de igual forma, penso e chego à conclusão óbvia, que todas as outras coisas que não lhe posso dar agora, são só isso mesmo, coisas!

O amor incondicional é exactamente o mesmo e a minha prioridade é exactamente a mesma, fazê-las felizes.