terça-feira, novembro 12, 2013
As não lembranças
Posted by
Susana
Na minha primeira escola dos grandes havia um velho que vendia totiços.
Não sei se será assim que se escreve, mas era assim que se chamavam, dizia o velho.
O velho não vendia só totiços, vendia toda uma série de guloseimas que segundo o mito que corria, tinham droga! Especialmente aquelas pastilhas elásticas negras de anis!
No tempo em que eu andei na escola dos grandes não havia grande controlo nas entradas e saídas e lá íamos nós a cada intervalo ter com o carrinho do velho. Aquilo era assim um acto de rebeldia para todos, mas para mim sempre foi mais que isso. Eu gostava mesmo era de ali ficar sentada com a Vera a ouvir o velho falar da sua vida, das suas tristezas, alegrias, de como lhe dava gozo fazer estes chapeuzinhos de açúcar que eram a nossa perdição e de como um dia também ele já fora um miúdo a correr descalço, livre, pelo chão de terra batida em Moçambique.
Não me lembro de muita coisa dos dois anos que passei nesta minha primeira escola dos grandes. Sei que fui separada de todos os colegas que trazia comigo da primária, no momento em que a minha mãe escolheu para mim como primeira lingua estrangeira o francês. Lembro-me que eu era uma das pequenas. Era uma das pequenas com quem os grandes achavam giro gozar e roubar as senhas de almoço. Era uma miúda perdida no meu mundo e que só queria passar despercebida. Fiz dois amigos, que me lembre, na minha primeira escola dos grandes:
A Vera e o Velho.
As minhas poucas lembranças desta escola andam à volta da Vera e do Velho de quem nunca mais tive notícias no feliz dia que deixei aquela escola para trás.
A minha filha quer ir para esta escola no próximo ano e isso anda a trazer-me alguns momentos flashback que me deixam melancólica. Passaram muitos anos e sei que a minha má experiência não significa que se vá passar o mesmo com ela e não me dá o direito de contrariar a sua escolha (nem quero), mas faz-me lembrar como odiei aqueles dois anos e deixa-me claro, ansiosa!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Oh Niki, temos esta estupida tendência de achar que tudo pode correr mal... E não pode ser... Sabes, no ano passado, quando a minha Micas fez anos, resolvi (tentar) fazer uma festa para ela e 10 amiguinhas (só meninas) lá em casa. Imaginava pintar as unhas, ouvir músicas de boysband (ela tinha apenas 6 anos mas hoje em dia elas são muito precoces) e fazer coisas de "meninas". Pensei em tudo, enfeitei a casa e pensei que nada poderia correr mal... Mas correu... Uma menina que a minha querida filha convidou era a tipica "lider do gang", "rainha do pedaço" e tudo o que ela quisesse (ou não quisesse) fazer tinham que fazer, naquele momento e da forma que ela queria... Ela decidia quem podia ou não brincar e fazendo com que o resto do grupo ostracizasse quem não concordava com ela... Fez-me voltar aos tempos em que eu era pequenina e havia tantas meninas como ela que fizeram que eu ficasse de parte de muitos grupos: porque era mais gordinha, porque usava óculos, porque não tinha roupa de marca ou porque, pura e simplesmente, lhe apetecia.
ResponderEliminarConfesso que a partir de certa altura bloqueei e teve que ser o meu marido a assumir as rédeas das criaturas pois veio-me tanta coisa à memória que me fez não ter reação... Como há 20 e muitos anos atrás... Mas fiquei admirada porque a minha Micas sabia fazer-lhe frente... E isso confortou-me. Ela tem mais garra, mais fibra do que eu tinha na altura dela e, pelos vistos, mais do que a que tenho agora. Por isso te digo, não te preocupes que as memórias que ela terá não serão as mesmas que tu tens e certamente ela saberá reagir a todos os percalços da sua vida...
ai que saudades
ResponderEliminarhttp://40andfashionista.blogspot.pt/2013/11/querem-ganhar-um-voucher-de-30-na-romwe.html