segunda-feira, março 10, 2014

Aquilo que (não) consigo dizer

Cada um lida à sua maneira com as adversidades da vida e com aqueles momentos escuros em que parece que o mundo conspira contra. Se há os que ligam a um amigo dizendo que precisam de um ombro para chorar e de um abraço para reconfortar, outros há que necessitam de se isolar até restabelecer o equilíbrio.

Eu não sou uma pessoa fácil (reconheço) e parando para pensar, percebo que não me enquadro totalmente em nenhum dos tipos de pessoas que falo acima. Explico. Não sendo eu uma pessoa que fala, haverão alturas em que terei tantas palavras presas, palavras que quero mesmo gritar, palavras más, palavras boas, palavras muito boas, palavras que quase me sufocam e que sinto necessidade de partilhar, mas não posso, não quero, ou talvez queira, não sei!

A vida tem-me ensinado que nem sempre quem quer saber, quer porque se importa e o que faço nestes momentos é apenas isolar-me, numa espécie de defesa. Não, não é apenas isolar-me, é fugir mesmo! Eu fujo de quem quer tomar um café comigo porque sente que não estou bem, eu evito responder a mensagens, telefonemas e mails de quem pergunta se preciso de falar. Eu desculpo-me com a falta de tempo porque eu sei que se ceder, vou acabar por me soltar e eu não sou só pessoa que não fala, eu sou pessoa que não chateia os outros com as suas tempestades. 

Não deixa de ser irónico, eu que detesto e não sei lidar com os silêncios daqueles que gosto, ir afastando tanta gente que não merece, com os meus próprios silêncios. Sim, eu sei que afastei muita gente [gente que eu adorava] e vou continuar a afastar e isto parecendo que não, dói-me, mas é algo que não consigo evitar. 

No final, dizer que tenho consciência de que não sou uma pessoa fácil de entender e que por isso mesmo respeito e aceito quem desiste de mim. Resta-me lamentar esta urgência que sinto em me isolar e agradecer muito, mas mesmo muito, a quem ainda assim, com todas as minhas fugas, não desiste. Insiste. Faz questão de aparecer porque me conhece e sabe bem (afinal) aquilo que eu preciso. 


10 comentários:

  1. Percebo-te tão bem!!! Quem está para nós...nem sempre precisa de saber ou de ouvir...fica simplesmente lá e não nunca desiste!!!
    Não acho que sejas uma pessoa difícil pelo que descreveste...todos temos fases assim!!!
    Bjs
    Maria

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  2. Eu que sou uma pessoa que adoro falar, tenho os meus momentos em que só fujo, e não deixo ninguém se chegar, e sei que não é fácil para quem nos quer bem, e se mantém por lá, porque a maior parte foge...
    Beijinho

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  3. eh pá eu ainda não te seguia? que parva! ainda não fazia parte do teu rebanho? Pronto, chegou mais uma ovelha :D

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  4. Afinal de contas parece que não estás sozinha! Já somos umas quantas como tu! E se ainda aqui estamos a ler, é porque não vamos desistir de te seguir!
    É dificil de entender mas, sim acontece-me tantas vezes!
    Beijinho grande

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  5. A questão é que acho que ninguém desiste de ti.
    Quando muito, desistem de tentar que te abras, que fales, de se encontrarem contigo. Ou então, estão elas próprias nas suas conchas, a viver os seus problemas. E se ninguém der esse passo, parece que se desistiu.
    Um beijinho

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  6. Podia ser eu a escrever tudo isto!Conheço bem essa dor.
    Beijinho para os teus que nunca desistem!Força!
    Maria

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  7. Entendo tão bem o que escreves-te ...
    Mas é sempre muito complicado expressarmos o que sentimos, continua a ser muito mais fácil estar lá para quem precisar, porque para mim ... estou lá eu ... a caneta e a folha de papel :)

    beijo

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  8. Como te entendo!!! Podia ter sido eu a escrever este texto... e podia dizer-te mais coisas..... mas não vou dizer e estou certa que me vais entender. :) beijinhos

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