Desistir é coisa de fracos?

Não concordo nada com a frase feita “só desiste quem é fraco”.  Há momentos em que não há mesmo outra opção e a fraqueza reside exactamente em continuar a chover no molhado.

Se perceber que tenho de abrir mão de alguma coisa, faço-o, até porque não sinto que isto por si só me defina ou limite de alguma forma.

Quando envolve relações interpessoais a coisa muda de figura. Sou sociável, crio empatia com relativa facilidade, mas são poucas [muito poucas] as que me marcam e que me fazem querer tê-las sempre por perto. Por isso mesmo, porque são raras as que me prendem, porque se contam pelos dedos de uma mão as que me dão vontade de estar, fazer, dizer, rir, falar, que me custa tanto quando é preciso desistir. 

E aqui sim, admito que tenho um problema. Quando me cruzo com alguém assim, quando gosto desta maneira especial, dou-me demais. Acabo por esquecer-me de mim e um dia acordo e percebo que afinal nisto das amizades, aquilo que um dá até pode ser imenso, mas nunca é suficiente se for dado sozinho.

  

Às vezes é preciso desistir de pessoas e a mim custa-me horrores.

E só há um motivo que me faz desistir de alguém que me muda para melhor mesmo sem saber, é a sua indiferença. 

Não desisti de pessoas assim muitas vezes, felizmente, mas sempre que tive de o fazer, as pessoas em causa não perceberam e nada fizeram para me mostrar que eu estava errada. E era preciso tão pouco. Acho que é a prova de que fiz a escolha certa.

Agora que penso melhor e depois de ler o que escrevi, talvez não seja desistir.

Talvez seja excluir-me quando percebo que não faz diferença eu estar ali ou não.