Naquela tarde como em tantas, a Paula chamou-me para
brincar e lá fui, feliz da vida como ia sempre que ela podia brincar no pátio
onde passávamos tão bons momentos com as nossas Tuxas.
Mas naquela tarde assim que
cheguei, encontrei uma Paula aparentemente nervosa que me disse que a Sandra
também iria brincar connosco e me pediu para que dissesse que apareci e não que
tinha sido ela a chamar-me. Virei costas e nunca mais esqueci o dia em que tive a minha primeira grande desilusão. Gostava tanto da Paula que não consegui
suportar que ela não assumisse perante a outra amiga que também gostava de mim.
Lembro-me algumas vezes deste episódio e isto deve ter uma
explicação ao nível da psicologia. Se calhar tenho até hoje um trauma!
A
verdade é que não suporto sentir de alguma forma que estou a impor a minha
presença. Não consigo pensar que o desapego que de vez em quando recebo de
volta, possa mostrar apenas que do outro lado não há coragem para me dizer que
sou só eu que efectivamente me importo, que apenas faço falta quando não há
mais ninguém, ou que simplesmente precisam de espaço!
Por muito que tente desvalorizar, por muito que tente pensar
que são só macaquinhos no meu sótão, a verdade é que não consigo lidar bem com a
indiferença.
Não pego nas Tuxas e viro costas e não desisto facilmente de quem
importa, mas chega um momento em que não dá para continuar a insistir sem
pensar que posso mesmo estar ali a mais e escolho parar para perceber se está ali a Paula que nunca mais tentou sequer falar comigo.
No meu mundo perfeito não existiriam dúvidas, haveria sempre
lugar a mil perguntas até que tudo estivesse claro, mas até para alguém como eu,
há momentos em que a ausência de resposta é a maior resposta que se pode ter.
era tudo tão mais simples se conseguissemos comunicar uns com os outros e dizer o que realmente sentimos / pensamos...
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Conseguiste expressar o que se passa cá dentro. Não lido bem com a indiferença e tão pouco lido bem com gente que se ausenta e se apresenta conforme quer e lhe apetece. Eu não digo que precisamos todos de estar presentes na vida do outro 24/24 mas o que é certo é que se sente quando só contam connosco quando não têm outra pessoa ou quando simplesmente lhes interessa. Não sou nem nunca fui de me impor e mendigar atenção. Acho que naturalmente sai de dentro das pessoas a preocupação e atenção quando estas lhes são queridas. Eu sou assim e pratico isto e custa-me horrores conviver e relacionar-me com quem não age assim. Defeito? Complicação? Mesquinhice? Não creio. Ninguém deve ser obrigado a aceitar que o tratem como 2ª opção... só isso!
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