Na idade dos porquês!

Independentemente da idade que tenhamos, nunca paramos de nos questionar sobre mil e uma coisas, sobre os dilemas da vida! Há sempre tanta e qualquer coisa que queremos perceber e isto vai fazer parte de nós sempre. É claro que esta "característica" teve que deflagrar em nós em algum momento e é aí que quero chegar. 

A Marta há muito que faz perguntas. Geralmente é a partir dos dois anos que a criança começa a ter mais curiosidade e a perguntar e a minha filha mais nova não foi excepção, mas comparando (e aqui tenho que parar para dizer que talvez só quem tem mais do que um filho percebe, que quase inconscientemente acabamos por fazer comparações entre eles e isto não quer dizer de todo, que achamos um melhor do que o outro. São apenas diferentes.) com a mais velha posso dizer que a Marta tem dado mais luta porque não aceita logo a primeira explicação que lhe é dada e às vezes confesso, fico sem saber que lhe dizer.

A partir dos 3 / 4 anos as questões começam a ser mais complexas e é nessa fase que está a Marta que aos 4 anos já me fez ter vontade de responder algumas vezes: "Oh filha, depois pergunta isso ao pai, está bem?".

Ontem fomos tomar café e quando entrámos a Marta parou em frente a um senhor sem pernas numa cadeira de rodas. Ficou ali uns minutos, imóvel e inevitavelmente chegou a pergunta:

- Ó Mãe, porque é que o senhor não tem pés?

Sem querer dar grande importância para não aprofundar a questão, respondi que as pernas do senhor ficaram doentes e que por isso as perdeu.

- Porquê mãe?

Tentei explicar que  era o melhor para o senhor porque as pernas só lhe estavam a fazer mal.

Aquilo passou durante alguns minutos, sem que se mexesse do mesmo lugar a olhar para o senhor.

Passado algum tempo insiste:

- Mãe, como é que o senhor veste calças?

- E sapatos, mãe?

- Ele corta as unhas?

- Ele tinha doente, num é mãe?

- Como é que o senhor faz quando quer andar mãe?

Entrei em desespero e às tantas dei por mim a dizer:

- Marta, quando o senhor quer muito, mas mesmo muito ir saltar e brincar num jardim bonito, ou correr numa praia de areia fria, ele fecha os olhos, faz uma magia e é para lá que vai e brinca e salta até abrir os olhos de novo!

Ela podia ter aceitado esta resposta que acredito não deixa de ser verdade, mas não, continua fixada no senhor que não tem pés e continua a fazer perguntas!

Como lidariam com esta situação? Ajudem-me porque estou a começar a evitar contacto visual, com medo de mais perguntas!