Sempre tive uma tendência natural para procurar agradar, para
tentar fazer o que esperavam de mim, para até muitas vezes (agora reconheço) me
anular em prol do bem-estar dos outros (por outros entenda-se neste contexto,
as minhas pessoas).
Se por um lado sempre tive plena consciência de que isto não
era de todo o certo a fazer e que não merecia fazê-lo a mim mesma, por outro
sempre me fui deixando andar ao som do “vou estando, nem bem nem mal”.
Ao olhar para trás já consigo perceber que muitas
das escolhas erradas que fui fazendo (escolhas minhas, culpa minha só!), aconteceram
porque nunca me dei o devido valor e nunca pensei em mim como primeira pessoa a
fazer feliz, e se já o vou conseguindo sem achar que estou a ser egoísta, a
verdade é que foi preciso quase metade de uma vida cheia de frustrações e
mágoas para chegar aqui.
Foi preciso muito tempo, muitas cabeçadas na parede, muitas
lágrimas à noite sem que ninguém suspeitasse da tristeza que é chegar à
exaustão que nos faz desistir de insistir.
Foi preciso muito tempo para que começasse a sentir que não
podia continuar a não ceder à minha vontade de ser feliz apenas porque não
queria incomodar os outros com a minha certeza de que tinha que haver mais
qualquer coisa, que o "quase", afinal não me bastava.
Foi preciso muito tempo para chegar aqui e perceber que afinal,
não tenho que me preocupar com quem fala sem saber nada de nada, sem conhecer, sem sequer fazer
parte da minha vida, mas que ainda assim insiste em fazer dela assunto na mesa do café.
Foi preciso muito tempo para no fundo perceber que não quero
continuar a ser a actriz secundária da minha própria vida!
Foi preciso muito e continua a a ser preciso muito mais, porque há coisas que demoram a crescer.
E quando pessoas que pensava conhecerem-me bem, acham “tão
repentino”, só posso sorrir, não responder e seguir em frente com a certeza para mim de que não há cá causas repentinas e que se houve quem não desistisse à primeira, à segunda, à trigésima, fui eu!
Podemos demorar a perceber, podemos andar conformados, mas inevitavelmente há um dia em que esbarramos
com o que nos faltava. Com o que queríamos tanto e nem sabíamos. Com as
consequências (nunca causas) que a cada dia nos fazem ter mais certeza de que
tudo o que reprimimos durante anos, tudo o que tivemos medo de arriscar, era só
tudo o que nos faltava!
Nota*
Estamos de malas e caixas aviadas, pedimos desculpas por qualquer constrangimento. A nossa vida retomará o seu caminho brevemente, bem como este blogue!
Gostava que ficassem por aí!