sexta-feira, setembro 11, 2015

Os fantasmas do silêncio

Costumo acordar muito cedo, às vezes fico a olhar para o tecto até o despertador tocar, outras vou até à janela ver o dia e pensar na confusão que ainda me fazem os silêncios prolongados e de como não estava já habituada a uma casa vazia. 

Penso em tudo o que mudou e num misto de felicidade e angústia, constato uma vez mais que de todas as dificuldades, esta tem sido a mais penosa de lidar.

Suporto bem olhares reprovadores, aguento desaparecimento e ausência de amigos e família, já me habituei até aos dias longos que sobram sempre no ordenado do mês, mas adormecer e acordar numa casa vazia, transporta-me para um passado cheio de fantasmas e eu sempre tive medo de fantasmas .

Na verdade adormecer sozinha voltou a ser quase um pesadelo, como era há 25 anos. 

Conto os dias até outubro.

Anseio pelo cair da noite no sofá, com pernas em cima, abraços e beijinhos cheios de mimo,  histórias de cocós e xixis (são minhas filhas, não esperavam que gostassem de histórias de princesas, pois não?) e do amanhecer carregado de atropelos na casa de banho, dramas com roupa e pequenos almoços e toda aquela confusão deliciosa de que tantas vezes reclamei.

Até lá, espero sobreviver a tantas horas sem dormir…

3 comentários:

  1. Força miga. Bem sei o que isso é. Tens que preencher os dias para não notares (dificil).

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  2. Por muitas coisas que te digam, nada te encherá esse coração com o 'barulho' que tu queres ouvir. O silêncio é a mais fatal das armas, trata de arranjar uma boa armadura pois és uma mulher forte quanto baste para enfrentar esta batalha, e aprender a estar nesta tua nova vida que te dá silêncios programados e que irás combater com o barulho das novas alegrias em que ainda vais tropeçar!!!
    beijinhos e bom fim de semana! Titá

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