Costumo acordar muito cedo, às vezes fico a olhar para o
tecto até o despertador tocar, outras vou até à janela ver o dia e pensar na
confusão que ainda me fazem os silêncios prolongados e de como não estava já
habituada a uma casa vazia.
Penso em tudo o que mudou e num misto de felicidade
e angústia, constato uma vez mais que de todas as dificuldades, esta tem sido a
mais penosa de lidar.
Suporto bem olhares reprovadores, aguento desaparecimento e ausência de amigos e família, já me habituei até aos dias longos que sobram sempre no ordenado do mês, mas adormecer e acordar numa casa vazia, transporta-me
para um passado cheio de fantasmas e eu sempre tive medo de fantasmas .
Na verdade adormecer sozinha voltou a ser quase um pesadelo, como era há 25 anos.
Conto os dias até outubro.
Anseio pelo cair da noite no sofá, com pernas em cima,
abraços e beijinhos cheios de mimo, histórias de cocós e xixis (são minhas filhas,
não esperavam que gostassem de histórias de princesas, pois não?) e do
amanhecer carregado de atropelos na casa de banho, dramas com roupa e pequenos almoços e toda aquela confusão
deliciosa de que tantas vezes reclamei.
Até lá, espero sobreviver a tantas horas sem dormir…
Vá, vai passar num instante.
ResponderEliminarForça miga. Bem sei o que isso é. Tens que preencher os dias para não notares (dificil).
ResponderEliminarPor muitas coisas que te digam, nada te encherá esse coração com o 'barulho' que tu queres ouvir. O silêncio é a mais fatal das armas, trata de arranjar uma boa armadura pois és uma mulher forte quanto baste para enfrentar esta batalha, e aprender a estar nesta tua nova vida que te dá silêncios programados e que irás combater com o barulho das novas alegrias em que ainda vais tropeçar!!!
ResponderEliminarbeijinhos e bom fim de semana! Titá