Silêncio. Puro e verdadeiro silêncio. E é assim que se fala
de amor, em silêncio. Por entre um olhar, um beijo ou um abraço. É a melhor
forma de comunicar. De repente encontramos-nos nos braços da nossa cara-metade
e quando damos por nós estamos envoltos numa serenidade inexplicável.
Ele, foi e é, nada mais nada menos, que a vida a gritar aos
meus ouvidos que o amor existe sim e que estava na altura de me agarrar a isso.
E quando me apercebi, não sei se era a vida ou o amor que estavam a sorrir para
mim. Talvez fossem ambas as coisas.
Mas são os olhos que espelham aquilo que sentimos, aquilo
que sentimos e somos. E foi assim que ambos percebemos que era amor. Era e
continua a ser amor.
Há segundos que valem por muitos momentos. Segundos como
aqueles em que a nossa cara-metade pousa a sua cabeça no nosso colo, ou então,
segundos como aqueles em que o mundo parece parar enquanto aquele a quem
apelidamos de amor nos abraça ao final do dia. É em segundos como estes que
percebemos que há decisões e mudanças que valem a pena. Inexplicavelmente
percebemos que valem mesmo a pena. O amor aquece-nos, não só o coração, mas
também a alma.
Confiar que há mãos que por linhas ténues nos agarram o
corpo e não nos deixarão cair é sem dúvida uma prova cega de confiança. E no
amor, é preciso confiar. É no silêncio que aprendemos a amar, a confiar, a
crescer e a sermos melhores. Amar, é um "acreditar" que a nossa vida
está em boas mãos e que, de alguma forma, o pouco é capaz de encher uma vida
inteira. De facto, o pouco por vezes torna-se muito. Isto, porque houve um
único alguém que soube olhar mais além. Soube olhar para dentro de nós, para um
sitio que julgávamos inatingível. E é disso que precisamos, alguém que olhe
para e por nós. E não iremos simplesmente sentir-nos agradecidos, vamos
sentir-nos completos e lembrar-nos disso a vida inteira.
Preencheste-me o coração. Preencheste-o com pedaços de ti.
Pedaços do teu sorriso, do teu olhar e do teu toque. Preencheste-o da melhor
forma. Esqueço-me do tempo, das horas e dos minutos. Esqueço-me porque só
consigo lembrar-me dos teus olhos a olhar os meus.
É em silêncio que se fala de amor e dessa mesma forma se
escreve. E esta, é só mais uma carta no meio de tantas que já te dediquei até
hoje. Há sempre tanto para te dizer e enquanto houver amor, há palavras e um
agradável silêncio aos nossos ouvidos.
Mara Filipa de Sousa
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