sexta-feira, janeiro 19, 2018

Ah, ela está grávida...


Esperar um bebé tão desejado é a melhor coisa do mundo, mas isso não quer dizer que estar grávida seja um mar de rosas. Eu gostava de ser uma daqueles 5 ou 6 mulheres que dizem que tiveram uma gravidez santa, mas não sou.

Preparamo-nos para mil e um desconfortos, vamos aceitando mais um dia de enjoos, aquela ciática que nos faz pensar que um dia destes talvez seja necessário usar uma muleta, a insónia que faz dar mil voltas na cama durante a noite e o sono que se torna incontrolável durante o dia sempre com um brilho nos olhos, porque afinal é pela melhor causa do mundo. Depois chegamos ao parto e encaramos as dores terríveis como a luz ao fundo do túnel, a recompensa mais que merecida, acompanhada da certeza de que tudo valeu a pena.

O que não faltam por aí são artigos que nos preparam para 9 meses de instabilidade emocional e dificuldades várias, mas onde está a informação que poderia ajudar a preparar todos os que fazem parte da vida da grávida e consequentemente estão envolvidos na gravidez? 

Onde andam os "livros" que ajudam a perceber que numa altura em que tanto está a acontecer, as nossas emoções estão à flor da pele? Que a qualquer momento passamos do riso à tristeza e até à aparente raiva sem sentido e que tudo o que não precisamos é que nos façam sentir invisíveis e bipolares? 

É exagero uma grávida achar que deixou de existir ou na verdade só está a sentir na pele que de repente se acabaram os jantares com amigos, as compras com amigas ou até as conversas banais, já que para muitas pessoas agora ela é só uma grávida e portanto está na hora de a excluir de tudo que não envolva barrigas, contracções, fraldas e bebés.

Exagero? Sabem o que é exagero? É ter de lidar com o tsunami de alterações a acontecer num tão curto espaço de tempo e isso é algo que só quem esteve/está grávida consegue entender, mas um bocadinho de informação e alguma compreensão podia ajudar muito.




2 comentários:

  1. Como te compreendo, a minha última gravidez fez-me passar por muito desse tsunami que nos atinge, aos poucos e que vai crescendo. De repente vi-me isolada e um pouco só, desamparada até. E mesmo depois do bebé nascer, esse isolamento manteve-se quase até aos dias de hoje. Os amigos da minha idade já não têm filhos bebês nem paciência para ouvir choros enquanto almoçamos à vez, ora eu em pé ora o pai. A gravidez em si foi muito mais cansativa e exasperante, pela idade, pela vida ainda mais corrida e só queria, confesso, que ele nascesse.
    A maioria das pessoas acha muito bonito ver uma grávida e saber de uma gravidez mas ver é diferente de conviver. E isso já poucas pessoas, só aquelas restritas amizades, se mantém por perto e do lado certo.
    Como te compreendo....e desejo que recebam a vossa bebé num ninho de muito amor e amigos de verdade.
    Infinitos solidários :)

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  2. Eu adorei estar grávida e tenho imensas saudades (o mais novo vai fazer 1 ano). Tive gravidezes relativamente tranquilas, nem me posso queixar muito (a amnésia seletiva tem destas coisas).
    Mas o que mais me irritava era quando me tratavam como inválida. Lá por estar grávida continuava a ser eu e com capacidade para fazer a vida (quase) normal. Quando me vinham com teorias do que devia ou não fazer/comer... e quando queriam que eu fosse de baixa só porque sim... Chiça!!
    Agora é que eu queria ficar de baixa para dormir e não me deixam. :D

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